Uma rua fala
O sol esconde-se transversalmente. Uma casa cresce na vertical. A rua estende-se no horizonte. Caminho pelos mesmos passeios, confiante que há verdades inabaláveis e que este percurso se repetirá amanhã.
É um pensamento ingénuo. Afinal esta rua fala através dos percursos eternamente efémeros de quem a habita, das sombras desenhadas pelas horas, dos reflexos criados pelas superfícies manufaturadas. A rotina importa não pela sua cadência previsível, mas pelo que essa repetição provoca: um olhar farto que repousa sobre diferentes lugares, inquieto, e neles uma voz.
As imagens aqui reunidas resultam dos mesmos percursos repetidos ao longo de 9 anos. São imagens que surgem por acaso, se ainda acreditarmos que os acasos existem. Contam tanto a história das ruas, como a minha. Eu sou Viseu refletido, ou o contrário.