Jantar de Verão e a Fujifilm X-Pro 2

10 Setembro, 2016fotografia, review

Adoro fotografia, interessa-me o seu lado artístico e as histórias que cada imagem pode trazer consigo. No entanto, nos últimos anos o aspeto técnico tem-me cativado de igual forma, por isso não é de estranhar que tenha reagido como um menino na noite de natal quando o John Gallo trouxe o seu equipamento fotográfico para um jantar cá em casa.

A nós juntaram-se a Cátia e do Dani para um serão agradável, já a experiência com a nova X-Pro 2… também o foi. É uma câmara sólida e com um design lindíssimo que é completado pelas fantásticas objetivas da marca que para lá da irrepreensível qualidade óptica são, na sua maioria, compactas e leves. O botão de seletor de foco faz toda a diferença no uso da câmara. Custa a crer que este joystick não seja padrão em qualquer máquina fotográfica. Já com as imagens no computador, é surpreendente o quão flexíveis são os ficheiros raw. Há imenso detalhe nas sombras para recuperar mesmo usando um ISO alto que, pela minha parca experiência com câmaras, tem pouquíssimo grão e o que tem até é agradável.

Pontos fracos? A ausência de um tilt-screen dói. Para planos menos comuns, a opção de rodar o ecrã e colocar a câmara junto ao chão, ou levantar os braços e mesmo assim ver o enquadramento é importante no meu trabalho. A precisão do foco em ambientes escuros ainda deixa a desejar comparando com a minha Canon 80D, ou até a pequena Sony RX100MkIV, o que me surpreendeu… Por fim, o botão para selecionar o ISO é um passo atrás. Já elogiei o design desta câmara e uma das razões prende-se pela inspiração que vão buscar às câmaras de filme, mas ter que puxar o botão para cima e rodá-lo sempre que quero mudar o ISO é tudo menos prático. É uma operação impossível de fazer sem que pare o que estou a fotografar para olhar para o botão, rodá-lo com esforço e só depois retomar o enquadramento. Menos mau é poder atribuir a função do ISO a um dos botões personalizáveis e daí selecionar no visor o ISO pretendido, isto sim, já seria possível sem desfazer o enquadramento.

Nunca existirá uma câmara perfeita, e no meio dos seus defeitos, esta X-Pro 2 está mais perto da perfeição que muitas outras. As imagens que dela saem são surpreendentes, aqui ficam algumas feitas de forma descontraída. Agora para ler uma review séria, recomendo gente séria. Na verdade eu só queria jantar, mas aconteceu isto.

Fujifilm X-pro 2, XF23mmF1.4 R 1/450 sec a f/1.6, ISO 3200. Processado com Lightroom.
Fujifilm X-pro 2, XF56mmF1.2 R 1/40 sec a f/1.6, ISO 800. Processado com Lightroom.
Fujifilm X-pro 2, XF23mmF1.8 R 1/550 sec a f/1.6, ISO 8000. Processado com Lightroom.
Fujifilm X-pro 2, XF56mmF1.2 R 1/70 sec a f/1.6, ISO 800. Processado com Lightroom. Ilustração de L Filipe dos Santos. Fujifilm X-pro 2, XF56mmF1.2 R 1/70 sec a f/1.6, ISO 800. Processado com Lightroom. Ilustração de L Filipe dos Santos.
Fujifilm X-pro 2, XF56mmF1.2 R 1/70 sec a f/1.4, ISO 5000. Processado com Lightroom.
Fujifilm X-pro 2, XF56mmF1.2 R 1/105 sec a f/1.4, ISO 3200. Processado com Lightroom.
Fujifilm X-pro 2, XF23mmF1.4 R 1/340 sec a f/1.4, ISO 3200. Processado com Lightroom.
Fujifilm X-pro 2, XF56mmF1.2 R 1/55 sec a f/1.6, ISO 800. Processado com Lightroom.
Fujifilm X-pro 2, XF23mmF1.4 R 1/480 sec a f/1.4, ISO 3200. Processado com Lightroom.

Abílio, depois da colheita

23 Agosto, 2016fotografia

A meio da Agosto já as colheitas terminaram. As abelhas continuam a produzir um pouco de mel, mas esse não servirá para o apicultor lhe deitar a mão, é sim para se sustentarem durante o inverno.
A partir de hoje e até ao final deste ano, Abílio, Guardador de Abelhas, uma peça de teatro co-criada com mestre Graeme Pulleyn e o músico Ricardo Augusto, fará parte do meu dia-a-dia. A visita ao apiário de Harald Hafner marca o início dos intensivos ensaios que se seguirão nas próximas semanas e que irão culminar com a apresentação do resultado em Serralves, no Porto.
Estas são algumas imagem de recolha onde se pode ver, entre outras coisas, os restos de uma colheita.

Carro em abstrato

15 Agosto, 2016fotografia, tipografia

A minha paixão por carros é curta.  Sei pouco acerca deles, apenas o suficiente para guiar. Daí que sendo desafiado a fotografar um passeio de automóveis o meu interesse se situasse algures entre o nulo e o escasso. Fui à mesma.

O resultado, na sua grande parte, é desinteressante. E teria continuado a ser não me chamassem a atenção para um detalhe: os detalhes. “Isto resulta é com pormenores”, disse o John Gallo. E tinha razão. É que nesses detalhes fui descobrir outra coisa que me fascina bem mais: tipografia e composições abstratas. A idade dos automóveis, já avançada, contribuiu para que os achados fossem vários. Mais seriam não tivessem os carros rodas.

Feira de São Mateus

11 Agosto, 2016fotografia

Esta feira, a Feira de S. Mateus, é a mais antiga da península ibérica. Existe há 624 anos e o que é hoje não será certamente o que era naquela altura. Aliás, não é sequer a mesma de quando cresci gaiato. As pontes de madeira deram lugar ao metal, no lugar das diversões cresceu o Fórum Viseu, pavilhões foram demolidos e substituídos por outros.

A feira deste ano promete ser a mais visitada de sempre. É possível. Eu contribuí com a minha presença logo no segundo dia. No entanto, não foram as novidades que me chamaram a atenção, mas sim os rostos que a habitam e a fazem, os feirantes. Quem lá trabalha não parece ver o mesmo do que quem a visita. O olhar cansado contrasta com os sorrisos e gargalhadas das famílias. O ritmo lento, a  ansiedade de ter um bom dia de bilheteira, a repetitividade de cada tarefa pesam nos movimentos.

Estas são algumas fotografias feitas entre o barulho ensurdecedor dos carrinhos de choque e o kanguru, entre pequenas conversas e três tropeções.