Diálogo simples #1

24 Agosto, 2016palavras

– Vamos até o rio?
– Podemos ir, sim.  Mas…
– Mas?…. Não sabes nadar?
– Não…
– Eu também não soube nadar durante muitos anos. Já só aprendi em adulto.
– Sim? E porquê?
– Porque fui pai. Todos os pais deviam saber nadar.

*Disclaimer: Há momentos que pela sua brutal simplicidade me emocionam. Este diálogo não aconteceu, mas podia ter acontecido.  Este é o primeiro momento que partilho, talvez venham a existir outros.

Abílio, depois da colheita

23 Agosto, 2016fotografia

A meio da Agosto já as colheitas terminaram. As abelhas continuam a produzir um pouco de mel, mas esse não servirá para o apicultor lhe deitar a mão, é sim para se sustentarem durante o inverno.
A partir de hoje e até ao final deste ano, Abílio, Guardador de Abelhas, uma peça de teatro co-criada com mestre Graeme Pulleyn e o músico Ricardo Augusto, fará parte do meu dia-a-dia. A visita ao apiário de Harald Hafner marca o início dos intensivos ensaios que se seguirão nas próximas semanas e que irão culminar com a apresentação do resultado em Serralves, no Porto.
Estas são algumas imagem de recolha onde se pode ver, entre outras coisas, os restos de uma colheita.

Carro em abstrato

15 Agosto, 2016fotografia, tipografia

A minha paixão por carros é curta.  Sei pouco acerca deles, apenas o suficiente para guiar. Daí que sendo desafiado a fotografar um passeio de automóveis o meu interesse se situasse algures entre o nulo e o escasso. Fui à mesma.

O resultado, na sua grande parte, é desinteressante. E teria continuado a ser não me chamassem a atenção para um detalhe: os detalhes. “Isto resulta é com pormenores”, disse o John Gallo. E tinha razão. É que nesses detalhes fui descobrir outra coisa que me fascina bem mais: tipografia e composições abstratas. A idade dos automóveis, já avançada, contribuiu para que os achados fossem vários. Mais seriam não tivessem os carros rodas.

Feira de São Mateus

11 Agosto, 2016fotografia

Esta feira, a Feira de S. Mateus, é a mais antiga da península ibérica. Existe há 624 anos e o que é hoje não será certamente o que era naquela altura. Aliás, não é sequer a mesma de quando cresci gaiato. As pontes de madeira deram lugar ao metal, no lugar das diversões cresceu o Fórum Viseu, pavilhões foram demolidos e substituídos por outros.

A feira deste ano promete ser a mais visitada de sempre. É possível. Eu contribuí com a minha presença logo no segundo dia. No entanto, não foram as novidades que me chamaram a atenção, mas sim os rostos que a habitam e a fazem, os feirantes. Quem lá trabalha não parece ver o mesmo do que quem a visita. O olhar cansado contrasta com os sorrisos e gargalhadas das famílias. O ritmo lento, a  ansiedade de ter um bom dia de bilheteira, a repetitividade de cada tarefa pesam nos movimentos.

Estas são algumas fotografias feitas entre o barulho ensurdecedor dos carrinhos de choque e o kanguru, entre pequenas conversas e três tropeções.